sábado, outubro 13, 2012

O Estado de Guerra Permanente da UE e o Nobel da Paz

A Deusa Europa raptada por Zeus, Moreau
Não sigo os que, com grande entusiasmo, apontam as incongruências da academia sueca, neste particular de dar o nobel da paz à UE. Mesmo que concorde com essa maioria que diz que a UE tem as mãos sujas de sangue com as guerras do Iraque ou do Afeganistão, só para falar das últimas guerras em que participou como União e nada fez para as evitar. Lembremo-nos igualmente do bombardeamento de 1992 a Belgrado por forças da Nato, sem que a voz da UE se fizesse igualmente sentir com veemência. Das guerras civis na ex-Jugoslávia e na secessão do Kosovo. Muitas matérias para a concordância com quem não se revê neste prémio e que o acha hipócrita. Mas há uma coisa que não posso deixar de sentir quando, na justificação do nobel, se diz que a Europa está há 66 anos em paz! Nunca esteve tato tempo, de facto, naquilo a que se chama de paz. E o que me faz pensar que o merece é isto: basta ler a boa literatura do século XX, e alguma da do século XXI, para perceber como a II Guerra Mundial foi de uma bestialidade sem limites e das gerações de europeus que ficaram seriamente traumatizadas com ela. Já tinham tido a sua quota parte na I Guerra, aliás. Como seria a Europa sem estes hiatos de horror, não sei, mas que seria necessariamente melhor, parece-me inquestionável. O problema maior dos que hoje não aguentam a hipocrisia da academia é outro e percebe-se, mas isso são contas de outro rosário: trata-se do estado de guerra permanente que a burocracia europeia faz aos seus povos! Mas, hoje, convém pensar só na paz e no valor que ela tem. Aí, conseguimos ver nesse prémio algum sentido - pelo menos dos que não querem esquecer de como se construiu uma Europa.