domingo, outubro 07, 2012

A História, Hobsbawm e os seus detratores


Já não tenho muita paciência para ler os comentadores disfarçados em historiadores (o contrário também serve). Ontem, no Público, Vasco Pulido Valente perorava contra Hobsbawm. Antes dele um miúdo liberal de que esqueci o nome, e no mesmo jornal, vociferava contra ele. Qual o seu defeito (ainda por cima em epitáfio)? Era ser marxista e historiador ao mesmo tempo. Segundo estas alimárias é uma contradição nos termos. O miúdo chegava a dizer que Hobsbawm nunca pediu perdão por ter sido do PC britânico e de lá não ter saído. VPV dizia que tinha sido demasiado brando para com a URSS, nunca tendo denunciado os crimes estalinistas. Fiquei a saber que nunca tinham lido o autor e o Tempos Interessantes. Mas criticar Hobsbawm é o menos. Dizer que um marxista não pode ser historiador é não reconhecer o que esta corrente contribuiu para a análise crítica da História e dos movimentos sociais. Percebemos agora por que razão Manuel Loff, Fernando Rosas, Reis Torgal e outros foram atacados por Rui Ramos e pela inqualificável Filomena Mónica. Trata-se de conquistar um terreno que lhes fugia. Para ser franco: prefiro cem vezes um rodapé de Hobsbawm, Thompson ou Braudel do que livros de história anedótica e factual destes senhores. E não me venham com Judt em contraponto com Hobsbawm: compare-se Tempos Interessantes ou a Era dos Extremos com o Século XX Esquecido deste último e vejamos qual a melhor síntese objetiva. Qual escolheríamos para ser analisada por um estudante contemporâneo.