Se há algum sentido na escolha da palavra coragem para adjectivar a poesia ela aplica-se sobretudo a Joaquim Castro Caldas, homem de muitos ofícios que desde sempre e em múltiplas geografias optou por uma vida verdadeiramente livre que se confunde com as palavras que lhe assomam. Que tenha a forma de livro é esta a regra do jogo. Deste e de outros que distribuía em locais de uma verdadeira deriva experimental que o autor, felino, frequenta. Como ele diz, «escrevo à mão a quem se debruça ainda nas líricas impressas como as árvores curvadas sobre os lagos de água da chuva, marcando o livro com indisciplina, a quem ainda chira atinta, raízes e barro, a quem usa o romantismo para aliviar o tremor dos homens...».