A série que neste momento passa na RTP2 sobre Trotsky tem o condão de desgraçar tudo em que toca. Por mim, estou mais ou menos de consciência tranquila: a seu devido tempo alertei para a carga ideológica que estava por detrás destas séries ditas de «qualidade» que endeusavam as famílias de capitais assegurados por heranças, como os Faber-Castell, os Burda, os Piaggio, os Ferrari, os...etc, etc., mas eis que surge Trotsky pela mão russa. Além da indigência da representação, desgraça logicamente a figura de Trotsky e chefe do Exército Vermelho como é o objectivo da série. Honra lhe seja feita, não o esconde. O homem é um assassino nato, um obcecado pela violência, um ambicioso sem escrúpulos, um disciplinador, mas igualmente um oportunista. A série desgraça Lenine, que sem bigode e pêra tem parecenças com Putin, homem de voz fria e sibilina, que suspende Trotsky num telhado pronto a esbarrondar-se cá em baixo se este não lhe obedecer! A série desgraça os social-democratas, a série desgraça Estaline que pobre diabo assalta carrinhas cheias de dinheiro não se sabe para quem, mas que se sabe não gostar de Trotsky porque este não o cumprimentou! Balha-me deus! A série desgraça a Revolução. A série desgraça o povo russo que é maltratado pelos revolucionários que dizem que o amam, mas que afinal o desprezam, e aceitam esse conluio como cordeiros que vão para o sacrifício final. A série desgraça a burguesia russa cocaínómana e só. A série desgraça os bolcheviques. A série desgraça as Internacionais. A série desgraça o cinema. A série é uma verdadeira bosta à medida de Putin! A série desgraça Freud com um suposto diálogo entre o psicanalista e o bolchevique completamente pueril, ridículo, inverosímil...«a revolução é desejo sexual», coisa em que concorda Trotsky, mas o psicanalista nota a contracção das suas pupilas quando este foi contrariado: ou seja, um assassino em série!! Por outro lado, Natalia Sverdovla, a mulher de Trotsky acha que, na primeira vez, ele foi rude com ela (estavam num comboio em andamento). Ele responde afoito: «a rudeza é necessária, quando queremos os outros felizes!». Vão à merda! Basta!