Asa, 2022. Tradução de José Vieira de Lima. Capa: Alex Gozblau
Paul Auster faleceu há muito pouco tempo. Eis um livro dele, de 1992, que nunca li. Penso que, mais do que qualquer homenagem completamente inútil, será uma forma boa de o lembrar como um grande escritor. Escreve como que para um filme e não se pense que isto é menorizá-lo. Há quem o faça muito bem, como é o caso dele. Provavelmente descobriu a pólvora e o sucesso, mas isso é outra conversa que não é para aqui chamada. Mas, mais do que isso, sabe bem do que fala e é um incomparável leitor de almas, atentíssimo às mensagens subliminares ou explícitas que as suas personagens transmitem neste romance. Acreditamos na verosimilhança de cada uma delas, mesmo que as situações sejam as mais inesperadas ou impossíveis. Com Paul Auster isso não acontece. Neste livro, neste romance de amor e morte, claramente novaiorquino, cremos, contudo, que ele tem medo da América, do que ela será capaz contra a democracia e liberdade que diz defender. Compromete-se e livra de qualquer recalcamento público todo aquele que se lhe opõe. Mesmo pela violência. Já devia ter lido «Leviathan» há uns tempos. Mas chegou a oportunidade que não recusei. Ainda bem.