segunda-feira, maio 30, 2011

sexta-feira, maio 27, 2011

Os livros da Deriva no Stand A53 e A55, na Feira do Livro do Porto

Stand: A53 A55
Programa:

26 Maio

19h, Praça APEL

Concerto de Abertura.

TUNA ACADÉMICA DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO PORTO
21h, Praça APEL

TUNA ACADÉMICA DA FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO


27 Maio

21h, Praça APEL

BANDA INTERSOUND


21h30, Auditório

À CONVERSA COM

Teolinda Gersão, Mário Avelar


28 Maio

17h, Auditório

“A LITERATURA É A ILUSÃO MAIS VERDADEIRA QUE EXISTE”

Lídia Jorge, Rui Cardoso Martins


29 Maio

15h30, Auditório

18 DIAS QUE EMBALARAM O MUNDO – A REVOLUÇÃO NA PRAÇA TAHRIR

Alexandra Lucas Coelho

17h, Praça APEL

CARLOS SEMEDO (Guitarra Portuguesa)

17h30, Auditório

À CONVERSA COM

José Rentes de Carvalho, Francisco Duarte Mangas

Moderação: Álvaro Domingues


1 Junho

18h, Praça APEL

TUNA FEMININA DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

22h, Praça Gen Humberto Delgado

JOSÉ CARDOSO PIRES – DIÁRIO DE BORDO, um filme de Manuel Mozos

com a presença do realizador


2 Junho

18h, Praça APEL

LEITURA DE CONTOS por Rita Calatré

18h30, Auditório

“FALAR DE TI, CIDADE VELHA E SEMPRE NOVA”

Germano Silva, Rui Moreira

Moderação: Manuel Cabral

21h30, Auditório

“UMA GOZOSA IRONIA”. À CONVERSA COM

Eduardo Pitta, valter hugo mãe

Moderação: Helga Moreira


3 Junho

21h30, Auditório

À CONVERSA COM

Hélia Correia, Jaime Rocha


4 Junho

16h, Auditório

“A VOLÚVEL MATÉRIA DAS PALAVRAS”

Manuel António Pina, José Tolentino Mendonça

Leitura de poemas por Alberto Serra


17h30, Auditório

MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA EM DESTAQUE

Maria Helena Rocha Pereira, Delfim Leão, Frederico Lourenço, Hélia Correia

Leituras de “As Bacantes” e “Antígona” (excertos) por actores da Companhia de Teatro de Braga


5 Junho
18h15, Auditório

À CONVERSA COM

Luís Miguel Rocha, Miguel Miranda

Moderação: Tito Couto

18h, Praça APEL

HENRIQUE ALONSO (guitarra clássica)


6 Junho

18h, Praça APEL

ALEX MIRANDA (stand up comedy)

18h30, Auditório

LER A ARQUITECTURA (EM PÚBLICO)

Pedro Gadanho, Álvaro Domingues, Nuno Grande


7 Junho

22h, Praça Gen Humberto Delgado

TOMAI LÁ DO O’NEILL, um filme de Fernando Lopes


8 Junho

18h30, Auditório

NOVOS ENCONTROS COM KAFKA

Pedro Eiras, Gonçalo Vilas-Boas, Manuela Bacelar, António Luís Catarino

(a propósito do colóquio e da edição do livro “Kafka – Um Livro Sempre Aberto”

Org. em colaboração com Instituto Literatura Comparada Margarida Losa, da FLUP


9 Junho

18h, Praça APEL

FERNANDO OLIVEIRA (flauta de bisel)

22h, Praça Gen Humberto Delgado

O MANUSCRITO PERDIDO, um filme de José Barahona

com a presença do realizador


10 Junho

18h, Praça APEL

“OLHAR O PASSADO, VER O FUTURO”

D. Manuel Clemente, Prof. Doutor José Carlos Marques dos Santos

21h, Praça APEL

NOITE DE FADOS

21h30, Auditório

FICÇÃO PORTUGUESA. 4 DA NOVÍSSIMA VAGA

António Figueira, David Machado, Paulo Ferreira, Pedro Vieira

Moderação: Tito Couto


11 Junho

18h, Auditório

MAIS ESTIMULANTE QUE A SOLUÇÃO É O PROBLEMA – O FAZER DO ENSAIO

Rosa Maria Martelo, Manuel Gusmão

Org. em colaboração com Instituto Literatura Comparada Margarida Losa, da FLUP

21h30, Auditório

EM TRÂNSITO (CRÓNICAS > LIVRO)

Fernanda Câncio, José Eduardo Agualusa, Pedro Mexia

26 Maio a 12 Junho

14h>16h30

Bibliocarro Câmara Municipal do Porto

Tinha Paixão?

Bailias, de Catarina Nunes de Almeida


 «Catarina Nunes de Almeida lembra e recria, neste seu terceiro livro, as medievais cantigas de amigo e de amor. Imaginário de música e cantos de segréis, trovas de poetas e memoráveis danças de donzelas de corpos finos. Nos ecos dessas seroadas segura a música do seu universo poético, que cerziu a mulher à natureza e dessa ligação fez nascer íntimos catálogos de pássaros, árvores e frutos, novos espaços de idioma, pelejas, sínteses e fábulas. Move-se, com passo seguro, do antigo para o novo e do novo para o antigo, com a graciosidade e o assombro das bailadas, entre ‘Folguedos e Noites de Pastoreio’, ‘Barcarolas ou Manhãs Frias’, ‘Mágoas ou Cantos de Alvoroço’ e ‘Cantigas de Romãzeira’. Volta, com Bailias, a colocar a poesia no seu primordial lugar de cântico: «Irei eu em todas as minhas mãos / pégasos e ventanias / o corpo preso por um frio gentil / o corpo a tilintar de sonhos. // Serei eu o que ele for / na cavalgada». 


O único maremoto de que há memória

aconteceu nos teus cabelos que hoje são lisos
e deixam a água pelos tornozelos
até ser de manhã.

Agora até a terra passou.
Cruzam-se valsas e expedições na curva do seio
a música não cabe na boca das aves

e nós, meninas, bailaremos i.


***

Meu amigo perdoa-me
se espantei as gazelas
para um canto do sótão
se me cresceram músculos
neste olhar-te neste cuidar que dá cuidado.

Mas do alto dos seios
no ruir das lamparinas
vale a pena olhar-te. Daqui
da mais sincera pobreza
onde permaneces apenas tu
adão e erva
e o céu manchado pelas libelinhas.

Catarina Nunes de Almeida, in Bailias

quinta-feira, maio 26, 2011

PNL recomenda para a Área de Música/Artes o Com Quatro Pedras na Mão de Suzana Ralha



A área escolhida pelo PNL é de Livros Recomendados para Projectos Relacionados com Música/Artes, para o 3º, 4º, 5º e 6º anos de escolaridade.



A Deriva fez o seu pleno no Plano Nacional de Leitura com a entrada de Com Quatro Pedras na Mão, de Suzana Ralha e do Bando dos Gambozinos. Assim, todos os livros infanto-juvenis da Deriva pertencem ao PNL o que muito nos orgulha, aos autores, ilustradores e, agora, músicos que estiveram em todos estes processos criativos e que encaram as crianças e os jovens com o respeito e consideração que merecem.



Hoje será fácil adoptar este livro: basta um professor mostrar disponibilidade e interesse para o adoptar e levá-lo-emos até si, junto com as possibilidades de exploração pedagógica e com as pautas das músicas do CD que o acompanha.
Lembremos que Com Quatro Pedras na Mão são poemas musicados por Suzana Ralha que versam sobre a cidade do Porto e são cantados pelo Bando dos Gambozinos. As ilustrações foram de Emílio Remelhe. Os poetas escolhidos foram José Mário Branco, João Pedro Mésseder, Filipa Leal, Joaquim Castro Caldas, Matilde Rosa Araújo, Jorge Sousa Braga, Luísa Ducla Soares, Rui Pereira e Luís Nogueira.
Poderemos igualmente combinar com os professores a ida à sua escola do ilustrador Emílio Remelhe e de um grupo de alunos do Bando dos Gambozinos, embora esta acção esteja dependente da disponibilidade de Suzana Ralha.
A apresentação foi memorável no Cinema Batalha perante 900 pessoas que foram ouvir pela primeira vez (a única?) o Bando dos Gambozinos a cantarem ao vivo o Com Quatro Pedras na Mão. Em breve editaremos as pautas das músicas.



domingo, maio 22, 2011

ILC: Pascal Quignard, Jean-Pierre Sarrazac, Antoine Compagnon





 

As colecções Pulsar e Cassiopeia, resultantes de uma parceria com o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, da Faculdade de Letras do Porto,  dão a conhecer  estudos muito relevantes no âmbito da Teoria da Literatura. Na  Pulsar, foram já editados Jean-Pierre Sarrazac (com A Invenção da Teatralidade seguido de Brecht em Processo e O Jogo dos Possíveis), Pascal Quignard (com Um Incómodo Técnico em Relação aos Fragmentos) e Antoine Compagnon (com Para que serve a Literatura?).

terça-feira, maio 17, 2011

Filipa Leal é a convidada do Ciclo “Porto de Partida”, sábado, 21 de Maio, na Almedina do Arrábida Shopping

“A Cidade Líquida e Outras Texturas”, “O Problema de Ser Norte” e a “Inexistência de Eva” são os livros que vão estar em debate, no próximo sábado, dia 21 de Maio, pelas 17 horas, pela mão da sua autora, Filipa Leal. Nesta sessão do ciclo “Porto de Partida”, na Almedina do Arrábida Shopping vai ser possível assistir, também, à leitura de poemas feita pela própria autora. A entrada é livre.

Filipa Leal encara o Porto como “mais do que um porto de partida” e sim “um porto de chegada.” A escritora explica que nunca partiu “verdadeiramente: escrevi um dia que somos uma espécie de aves com raízes, isto porque nunca partimos verdadeiramente de nós próprios. É aqui que regresso sempre, e também é aqui que regresso quando ando à procura de mim. Como escrevi n'«A Cidade Líquida e Outras Texturas», "Demoro-me/ No ventre desta cidade/ que nenhum navio abandonou/ porque lhe faltou a água para a partida".
Apesar de nenhum dos livros apresentados na sessão pretender ser um “retrato do Porto”, Filipa Leal confessa que “nele encontramos certamente as ruas de que sou feita quando ele me fez”. A também jornalista deixa um desafio a todos aqueles que queiram participar na sessão: ela servirá para mostrar “a poesia como lugar onde nos podemos reunir”.
O Ciclo "Porto de Partida" tem como objectivo “levar todos os presentes a outros temas e lugares”, explica o coordenador da iniciativa, Miguel Carvalho. Evento da III Série da Comunidade de Leitores Almedina Arrábida Shopping, o Ciclo é organizado pela Almedina e pela Ideias Concertadas, com a coordenação das sessões a cargo do jornalista Miguel Carvalho.

Sobre a autora
Filipa Leal (Porto, 1979) formou-se em Jornalismo na Universidade de Westminster, Londres, e concluiu o Mestrado em Literatura (Estudos Portugueses e Brasileiros) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Fez uma passagem pela Rádio Nova, e foi editora do suplemento «Das Artes, Das Letras» no jornal O Primeiro de Janeiro. Actualmente, é jornalista no Diário Câmara Clara (RTP2) e colaboradora da Casa Fernando Pessoa. Depois de um ano de formação no Balleteatro do Porto, começou a participar, em 2003, em espectáculos de poesia no Teatro do Campo Alegre (Porto), ciclo Quintas de Leitura, e desde então tem feito leituras em diversos locais do país (Centro Cultural de Belém, Casa das Artes de Famalicão, Palácio de Belém, Fundação Eugénio de Andrade, entre outros). Publicou vários livros de poesia, de que se destaca «A Cidade Líquida e Outras Texturas» (publicado também em Espanha, pela editora Sequitur) e «A Inexistência de Eva» (Deriva editores). Está representada em antologias em Itália, Croácia, Colômbia e Galiza, e um dos seus poemas foi musicado pelo Bando dos Gambozinos para o álbum «Com Quatro Pedras na Mão». Foi finalista do Prémio Literário Casino da Póvoa (Correntes d’Escritas) em 2011, com o livro «A Inexistência de Eva».
Sobre o coordenador do Ciclo
Miguel Carvalho, 40 anos, é Grande Repórter da revista Visão. Jornalista há 21 anos, trabalhou no Diário de Notícias e no semanário O Independente. Tem o curso de Radiojornalismo do Centro de Formação de Jornalistas do Porto. Comentador da Revista de Imprensa da RTP-N, é autor dos livros Dentada em Orelha de Cão - Histórias do Mundo com Gente Dentro (Campo das Letras, 2004), Álvaro Cunhal - Íntimo e Pessoal (Campo das Letras, 2006) e Aqui na Terra (Deriva Editores, 2009). Tem textos jornalísticos e literários dispersos por várias publicações nacionais e estrangeiras. Venceu o Prémio Literário Orlando Gonçalves (Modalidade Jornalismo) da Câmara da Amadora (2008) e o Grande Prémio Gazeta, do Clube dos Jornalistas, em 2009.

O TEatroensaio apresenta “Damião das Chaves”



Uma visita original ao imaginário do Centro Comercial de Cedofeita

Datas: de 14 a 19 de Junho de 2011

Horário: de terça a Sábado – 21h30, Domingo-18h00

Local: Centro Comercial de Cedofeita (Rua de Cedofeita, nº 451 4050-181 Porto)

Ficha Técnica:

Texto: Ordep Serip

Concepção: Pedro Estorninho

Interpretação: Ivo Luz e Pedro Estorninho

Guarda-Roupa: Inês Leite

Produção TEatroensaio

Sinopse:

Todas as noites, Damião das Chaves deixa-se habitar por todos os fantasmas que já passaram por este centro comercial e as suas lojas, um espaço público de visitantes e privado de vivências.

Todas as noites o actor Pedro Estorninho deixar-se-á habitar por todas estas histórias, improvisando o texto.

Para todos os curiosos que conseguirem imaginar o espaço, recriar a cidade e habitar o quotidiano em que nos encontramos, em que nos fazemos mais pessoas, quase sem dar por isso.

sexta-feira, maio 13, 2011

Conto da Travessa das Musas e Guias Sonoras, na Letra Livre [Galeria ZDB]], 21 de Maio

O Conto da Travessa das Musas (texto de João Pedro Mésseder e ilustração de Manuela São Simão) e Guias Sonoras (João Pedro Mésseder) na Livraria Letra Livre [Galeria ZDB] .
Dia 21 de Maio, pelas 21:30.
                           Segue-se concerto por Genoveva Faísca (voz) e João Bengala (guitarra).

Um Incómodo Técnico em Relação aos Fragmentos| Pascal Quignard

[...] Quignard, sobretudo conhecido pela adaptação do romance Todas as Manhãs do Mundo(1991) ao cinema, é um prosador admirável e, por isso, vale já esta leitura. Não transcende na apologia de Les Caractères como primeiríssimo livro composto de maneira sistemática sob forma fragmentária. Eleva o fragmento a forma «antipedente, anti-sistemática, antifilosófica antiteológica» que rejeita qualquer ordem ou género. Porque sustenta ele, nasce, com La Bruyère, como uma espécie de espasmo, convulsão, rasgão ou fractura não originários num qualquer todo, mas em nada, justificando-se por si mesmos. Os fragmentos, tal como Quignard os concebe, afirmam-se como partículas negativas sem filiação: é esse o seu carácter revolucionário e anárquico.[...] Filipa Melo, Revista Ler

As colecções Pulsar e Cassiopeia, resultantes de um, a parceria com o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, da Faculdade de Letras do Porto, dão a conhecer estudos muito relevantes no âmbito da Teoria da Literatura.

Na Pulsar, foram já editados Jean‑Pierre Sarrazac (com A Invenção da Teatralidade seguido de Brecht em Processo e O Jogo dos Possíveis), Pascal Quignard (com Um Incómodo Técnico em Relação aos Fragmentos) e Antoine Compagnon (com Para Que Serve a Literatura?).

Na Cassiopeia, que já acolheu um inédito de Pedro Eiras, intitulado Tentações: Ensaio sobre Sade e Raul Brandão, teremos brevemente um ensaio sobre Kafka: Kafka, um Livro sempre Aberto, de Teresa Martins de Oliveira e Gonçalo Vilas-Boas.

quinta-feira, maio 12, 2011

Últimas compras na Feira do Livro de Lisboa

Bom, parece que o calor veio para ficar e esperamos que isso não o impeça de ir dar uma volta até à Feira do Livro de Lisboa e mais propriamente até ao Pavilhão da Companhia das Artes (A40 e A42). Se aguentar bem o calor, calce uns bons sapatos, vá de garrafa de água na mão esperando que os joelhos aguentem, procurar o pavilhão onde a Deriva tem os seus livros. Depois, é só escolher os livros que temos para si. Se entretanto tiver fome confie no seu estoicismo e guarde-se para o Bairro Alto que, perto, há pouco por onde comer e fecha tudo muito cedo...até lá!

sábado, maio 07, 2011

Algumas medidas profilácticas contra a Troika

Tenho algumas fantasias sobre as medidas que a troika liderada pelo FMI quer impor em Portugal com a concordância quasi bovina do PS, do PSD e do CDS. Não que pense, permanentemente, no conjunto de coisas que nos vão fazer a vida num inferno até 2013 na melhor das hipóteses, mas fantasias são fantasias e não pedem licença para entrar.
Quando vejo sempre os mesmos indivíduos na televisão chorar baba e ranho por causa da classe média «que vai sentir como ninguém» o nacional aperto, penso sempre, em vão, que a dita classe poderia ter uma resposta unida à crise. Mas uma resposta criativa como vi nas manifestações do 12 de Março, essas sim um primeiro sinal-forte-mas-que-o-deixou-de-ser-rapidamente, de uma classe cada vez mais empobrecida e espoliada, virada ao contrário e abanada até lhe cairem mais umas moeditas. Acho que a classe média deveria optar por cortar cerce na higiene pessoal em primeiro lugar. Nunca na cultura. Se cortasse na higiene o impacto de tal medida era logo reconhecido pela política e pela sociedade, em poucos dias. Primeiro começaria o impacto visual: sem champô os cabelos começariam a ser pastosos fazendo inveja a qualquer Jel. O sentido do olfacto tornar-se-ia mais activo nas repartições, nas escolas, nos ministérios, nos hospitais e nos escritórios visto que os desodorizantes e cremes hidratantes eram postos de lado, assim como a água que só seria servida para não nos desidratarmos de todo. Em poucos dias, penso concretamente em sete, seria impossível sair sequer à rua e a classe média daria uma nota picaresca de protesto inaudito. Contra a troika, cortar-se-ia na higiene. Com a aproximação do verão e das suas noites quentes, o protesto seria um verdadeiro sucesso europeu.

sexta-feira, maio 06, 2011

Cabem num bolso: Magic Resort (Florencia Abbate) e Nenhum Lugar (Ricardo Romero)

 Nenhum Lugar, de Ricardo Romero e Magic Resort, de Florencia Abbate já chegaram.
Para sua comodidade peça-os aqui.
Excerto de  Nenhum Lugar, de Ricardo Romero
«Acordou ao ouvir o silêncio. Entreabriu os olhos, depois abriu-os completamente, mas a claridade continuava sem aparecer. Primeiro avistou as casas, e só ao vê-las soube que tinham parado. As casas estavam aí, feitas de uma quietude negra, do outro lado da rua, demasiado próximas. A ausência do barulho do motor provocava-lhe uma certa angústia, mais ainda que a que lhe podia provocar a ausência do taxista. Por instinto procurou a mochila. Estava aí, continuava pousava perto dos seus pés. Abriu-a e comprovou que não lhe faltava nada. Voltou a olhar para as casas e sentiu-se intimidado. Não se atrevia a sair do táxi. Ainda era de noite e isso não lhe agradava, não lhe podia agradar. Por alguma razão, a noite era ainda mais escura agora, embora a Mauricio não lhe parecesse que houvesse menos estrelas. Mas podia sequer ter a certeza de que era a mesma noite? Procurou a la e não a encontrou. Quis saber que horas eram, mas não conseguiu ver nada no seu relógio de pulso. Em toda a rua só um candeeiro estava aceso, a mais de dois quarteirões de distância.»
 Excerto de  Magic Resort, de Florencia Abbate
«Uma enfermeira jovem contou-me que tinha estado em coma. Olhou-me, boquiaberta, quando lhe disse que me sentia incrivelmente bem, sem nenhuma ressaca, forte, como nunca…
Os médicos não me deram nenhuma esperança. E os meus pais por pouco não desmaiaram porque entraram e me viram a procurar a mochila. O meu pai conseguiu que me dessem alta ao meio-dia. A minha mãe lacrimejou de alegria ao constatar que conseguia descer as escadas do hospital sem ajuda. Eu estava morto de fome e propus um restaurante. Levaram-me a almoçar a esse lugar e fizeram-me as vontades o tempo todo. Até chegarmos a casa mantivemos conversas graciosas e calorosas. Depois, a alegria provocada pela bela surpresa da minha ressurreição foi relegada para segundo plano. O que mais lhes importava era averiguar o motivo da minha tentativa de suicídio.»

João Pedro Mésseder e Manuel São Simão no Museu Berardo em Lisboa