terça-feira, fevereiro 28, 2023

Dois policiais


Dois policiais, duas narrativas completamente distintas separadas também pelo tempo. A primeira, de Carter Dickson, A Flecha Assassina, publicada nos anos 30, consegue ser uma obra interessante passando-se somente num tribunal e, menos, numa tasca inglesa. Toda a trama de um assassinato é descoberta em pleno tribunal, incentivando-nos a deduzir, pelo leitor, o caminho que levará ao final do enredo. As estratégias levadas a cabo pelos advogados de defesa e acusação são marcadas por uma forma literária que nos prende do princípio ao fim.

Já Os Diários Secretos, de Camila Lackberg de 2007, são 500 páginas, algumas desnecessárias, que retratam a impossibilidade  da Suécia e dos Suecos em verem-se livres de um passado de colaboração com os nazis e ocupação alemã sob a capa de uma neutralidade criminosa. Pelos vistos, e segundo as palavras da autora, foram muito mais os colaboracionistas do que os resistentes. Mas isso são contas de outro rosário. A trama é mais viva nas últimas páginas do que o enredo inicial onde a autora, que tem mais de 20 milhões de livros vendidos, parece não saber para onde quer ir a narrativa. Foi com algum alívio que vimos confirmar as nossas suposições de quem era o assassino. Afinal não foram os nazis os carrascos, também aí há bons rapazes!!, mas sim um velho resistente. Ele há gente para tudo.

alc