Desenho elaborado por Inteligência Artificial (sem identificação)
Provavelmente passou despercebido ou foi um trabalho jornalístico de Sofia Lorena que foi remetido para as notas de rodapé das guerras actuais. Isto é sobre Gaza. Do genocídio que decorre em Gaza sob a enormidade da resposta de Israel ao ataque do Hamas e que castiga a população palestiniana de um modo completamente demente. O desenho em cima foi elaborado, sem identificação, por Inteligência Artificial (IA) e escolhi-o para demonstrar os perigos que a ciência tem colocado a esta forma de capitalismo de vigilância ainda sem nenhuma regulação.
O artigo de Sofia Lorena, no Público de 4 de Dezembro, explica-nos a estratégia das Forças de Defesa de Israel (IDF) na pretensão de acabar com o Hamas, mesmo que para isso tenha de perpetrar um genocídio ainda não declarado pelo TPI e pela ONU que tem evitado utilizar este termo. A IDF tem usado a Inteligência Artificial (IA) para procurar alvos. Alvos esses que já vão em 16000 mortos sendo 6000 (dados de 4/12) de crianças. Dizem que metade dos comandantes do Hamas estão já mortos, embora sem confirmação de fontes independentes. Como se faz esta escolha de «alvos» pela IDF? Através, segundo, Daniel Hagari porta-voz do IDF, da selecção desses mesmos alvos (sempre entre aspas) por um sistema denominado Habsora, desenvolvido a partir de 2019 e comandado numa sinistra Divisão Administrativa de Alvos que, segundo um importante ex-militar de Israel, Aviv Kovachi, «é uma máquina que, com a ajuda da IA, trata muitos dados muito mais depressa e melhor do que qualquer ser humano e traduz isso em alvos de ataque.» Segundo este mesmo ex-chefe do Estado-Maior israelita «a partir do momento em que esta máquina foi activada, gerou 100 alvos por dia, quando, no passado era possível criar 50 alvos por ano». Outro ex-oficial, agora da Mossad, diz de um modo terrífico que o Exército «gere uma fábrica de assassínios em massa» e mais à frente afirma «É mesmo como uma fábrica. Trabalhamos mais depressa e não há tempo para avaliar profundamente o alvo.» Mas deve-se sublinhar que a culpa do morticínio que se está a dar em Gaza pelo Exército israelita não é só da IA. Poderão dizer que esta nova ferramenta não tem culpa por si só, o que é claro, mas é uma notável aproximação ao fordismo ou à produção em série...de mortes por assassínio! Termino com uma afirmação de uma das fontes da revista +972 israelita que não quis dar o nome: «Nada acontece por acaso. (...) Quando uma menina de 3 anos é morta numa casa de Gaza, é porque alguém do exército decidiu que não era muito importante que ela fosse morta - que era o preço a pagar para atingir mais um alvo (...) Nós sabemos exactamente quantos danos colaterais há em cada casa.» A demência assassina em todo o seu fulgor.