quinta-feira, dezembro 07, 2023

IA no genocídio de Gaza. Inquietante e previsível

 

Desenho elaborado por Inteligência Artificial (sem identificação)
Provavelmente passou despercebido ou foi um trabalho jornalístico de Sofia Lorena que foi remetido para as notas de rodapé das guerras actuais. Isto é sobre Gaza. Do genocídio que decorre em Gaza sob a enormidade da resposta de Israel ao ataque do Hamas e que castiga a população palestiniana de um modo completamente demente. O desenho em cima foi elaborado, sem identificação, por Inteligência Artificial (IA) e escolhi-o para demonstrar os perigos que a ciência tem colocado a esta forma de capitalismo de vigilância ainda sem nenhuma regulação. 

O artigo de Sofia Lorena, no Público de 4 de Dezembro, explica-nos a estratégia das Forças de Defesa de Israel (IDF) na pretensão de acabar com o Hamas, mesmo que para isso tenha de perpetrar um genocídio ainda não declarado pelo TPI e pela ONU que tem evitado utilizar este termo. A IDF tem usado a Inteligência Artificial (IA) para procurar alvos. Alvos esses que já vão em 16000 mortos sendo 6000 (dados de 4/12) de crianças. Dizem que metade dos comandantes do Hamas estão já mortos, embora sem confirmação de fontes independentes. Como se faz esta escolha de «alvos» pela IDF? Através, segundo, Daniel Hagari porta-voz do IDF, da selecção desses mesmos alvos (sempre entre aspas) por um sistema denominado Habsora, desenvolvido a partir de 2019 e comandado numa sinistra Divisão Administrativa de Alvos que, segundo um importante ex-militar de Israel, Aviv Kovachi, «é uma máquina que, com a ajuda da IA, trata muitos dados muito mais depressa e melhor do que qualquer ser humano e traduz isso em alvos de ataque.» Segundo este mesmo ex-chefe do Estado-Maior israelita «a partir do momento em que esta máquina foi activada, gerou 100 alvos por dia, quando, no passado era possível criar 50 alvos por ano». Outro ex-oficial, agora da Mossad, diz de um modo terrífico que o Exército «gere uma fábrica de assassínios em massa» e mais à frente afirma «É mesmo como uma fábrica. Trabalhamos mais depressa e não há tempo para avaliar profundamente o alvo.» Mas deve-se sublinhar que a culpa do morticínio que se está a dar em Gaza pelo Exército israelita não é só da IA. Poderão dizer que esta nova ferramenta não tem culpa por si só, o que é claro, mas é uma notável aproximação ao fordismo ou à produção em série...de mortes por assassínio! Termino com uma afirmação de uma das fontes da revista +972 israelita que não quis dar o nome: «Nada acontece por acaso. (...) Quando uma menina de 3 anos é morta numa casa de Gaza, é porque alguém do exército decidiu que não era muito importante que ela fosse morta - que era o preço a pagar para atingir mais um alvo (...) Nós sabemos exactamente quantos danos colaterais há em cada casa.» A demência assassina em todo o seu fulgor.