"A manipulação dirige-se ao pensamento, aos sentimentos, às acções (e omissões) de toda e qualquer pessoa. Da esfera íntima até à apresentação pública no trabalho, na escola ou na política, não sobra um único aspecto, uma única dimensão da vida que dela não receba a influência. O objectivo final da manipulação é a obtenção da passividade e da submissão. A manipulação das mentes é uma guerra psicológica planificada, elaborada a partir de conhecimentos científicos, contra o desenvolvimento progressista, isto é, solidário e cooperativo do ser humano ou, o que é a mesma coisa, orientada contra o progresso social" in A Formação da Mentalidade Submissa, de Vicente Romano

Também aqui, porém, o império dos prazos e da imediaticidade existe, elaborado a partir do ritual horário e de calendário que o interpreta, à semelhança do que sucede com os outros meios. E, onde há interpretação há clero, quer seja religioso quer profano. É ele quem decide o que pode ouvir-se, ler-se ou ver-se a que dias e a que horas. Actualmente, pode observar-se como a televisão estatal se molda e inclusivamente antecipa a concorrência comercial da televisão privada, desbragando a linguagem e reduzindo os programas de conteúdo cognitivo em favor das compensações emocionais ou, pelo menos, atirando-os para horas de escassa audiência.
A minuciosa coacção dos prazos educa para a fugacidade da percepção. A brecha entre o electronicamente perceptível e o que fica registado em papel aumenta dia a dia. É preciso questionar se aquilo que os olhos vêem é fiável, pois desde Aristóteles que se acredita que ver é saber. A redução sucessiva da linguagem transformada num mero código de sinais ominosos, aumenta, claro está, a velocidade da transmissão. Mas a comunicação à velocidade de relâmpago de insinuações binárias, de símbolos positivos e negativos, não passa de um código que nada tem já a ver com a pugna pela expressão humana através da linguagem. in A Intoxicação Linguística, de Vicente Romano.