quarta-feira, novembro 27, 2024

Islenha 74. Uma revisitação a António Barros

Revista Islenha 74
A revista Islenha lançou este número semestral (de Janeiro a Junho de 2024) quase inteiramente dedicado a António Barros. Extremamente bem elaborada,  belíssima graficamente, com dados importantíssimos sobre o trabalho do autor ao longo de mais de 50 anos e que (nos) chama a atenção para um percurso singular que remete António Barros para um dos mais construtivos e provocadores artistas que está connosco. Baseado no seu trabalho «Florigen, 2005» escreve o autor/artor logo no início da revista:

«A escultura - em modo de objecto-livro - «Florigen,2005», elege o florescimento das plantas como pólo de reflexão sobre a conjugação: electricidade_energia_luz, e o seu caminho recíproco: luz_energia_electicidade. (...)
«Florigen, 2005» teve a primeira apresentação pública em What is Watt?, edição de 2005, no Museu de Arte Contemporânea Fortaleza de São Tiago, no Funchal. Depois em Coimbra na Casa da Escrita; no Círculo de Artes Plásticas_CAPC; e finalmente em: «da flor, esse rosto de esGrita», na Casa Museu Bissaya Barreto em 2024, enunciando-se como elegia ao museófilo, coleccionador de orquídeas, Alfredo Gomes de Barros, na celebração do centenário do seu nascimento.»

Explica-se que Alfredo Gomes de Barros é o pai de António Barros, como, aliás, é explicado por Isabel Santa Clara e Augusta Villalobos nas páginas que se seguem a esta apresentação tão clara, quanto necessária e global sobre o trabalho do autor. Aí, lê-se em alguns extractos que vos dou a conhecer:

«O conceito científico de florigen [António Barros cita o trabalho, de 1937, do cientista russo Mikhail Chailakhian] remete para o florescimento, metamorfose e maturação das plantas, em resposta à luz. Longe de ser um processo solitário, propaga-se, em convivialidade, gerando, em múltiplo jogo de espelhos, todo um jardim florido, pleno de vida. Uma festa para os sentidos e para a alma. Expandindo este conhecimento e esta sensibilidade, numa abordagem humanista percebemos florigen como uma metáfora da Vida, e da Arte. De uma Arte-Vida-Arte para a Elevação da Pessoa-Natureza. logo, da Sociedade e do Planeta. Tal é o desígnio de António Barros.» (pág.10)

Sobre o processo de construção das exposições de António Barros, Augusta Villalobos e Isabel Santa Clara apresentam-nos a seguinte ideia que, para quem já presenciou as exposições de António Barros, não pode deixar de se rever nestas palavras:

«Nos diversos momentos de mostra do seu trabalho num registo de fisicalidade - coisas reais, pessoas reais - António Barros proporciona uma vivenciação do espaço expositivo convertendo-o num lugar habitado, e habitável, convidando a que seja habitado em convivialidade: um muSeu que seja seu.
O próprio processo de construção de uma exposição constitui uma temporalidade privilegiada de diálogo com o Outro, sejam referentes de contaminação mais distanciados, sejam presenças próximas que o acompanham e contribuem directamente para a criação, ou - e de modo particular - o público, conceito que procura desconstruir e reinventar. Muito na linha Fluxus, a Arte como Processo. Para a universalidade.
O autor, que prefere assumir-se como artor, sempre captou a importância do lugar habitado numa exposição, e do modo de dar a ver, procurando através da semiótica da instalação e do rigor na montagem valorizar a especificidade e a densidade de cada peça, as afinidades e os confrontos. Os actos performativos encarnam de modo mais premente a delicadeza e a mutabilidade dessa habitar.» (pág.18)

O preço desta revista é de 15e e podem pedi-la para 

alc