17 de Novembro de 2024
Celeste Caeiro, a mulher que distribuiu cravos pelos soldados a 25 de Abril de 1974, faleceu a 16 de Novembro deste ano. O 25 de Abril, o povo que aderiu a esta ideia, a esta luta, vai construindo os seus anti-heróis, aqueles que sem quaisquer objectivos pessoais, deram simbólica, material e espiritualmente o que souberam oferecer de melhor. Os símbolos da Revolução aí ficam. Os cravos, que Mário-Henrique Leiria não gostou que entupissem os canos das G3, sobrepuseram-se numa outra poética, tal como a coragem de Salgueiro Maia frente a uma pistola encravada de um coronel fascista ou a corajosa recusa de José Alves Costa, soldado que, no alto do tanque, desobedeceu a uma ordem assassina.
Celeste Caeiro entra neste panteão popular e é isso que faz o 25 de Abril forte, que o torna inesquecível e eminentemente popular. Bem pode a direita ressabiada, vingativa e dissimulada - porque nunca aceitou a liberdade popular, nunca o declarando abertamente - tentar colocar o 25 de Novembro num pedestal de uma possível taça de barro cru, mas essa data nunca será grande o suficiente para abafar estes anti-heróis e heroínas que a historiografia popular vai construindo. Essa interessa tanto ou mais que as enormes manifestações populares que enchem as avenidas todos os anos. E são cada vez mais, para azar deles.
alc