Il Grande Conduttore
É quase comovedor assistir ao afã popular para que as comemorações dos 49 anos do 25 de Novembro tenham o prestígio e a adesão que a data obriga! Ele é roulotes de farturas e coiratos, minis em baldes de gelo, preparação de grandiosos bailes e bandas de coretos, fadistas, toureiros, pegadores de cernelha, fachos encartados, ex-terroristas e bombistas, ex-tropas saudosistas, almirantes de branco brio fardados... Ajudou a acabar com o Prec, o «Grande Cagaço», e a reconduzir, tal como um Conduttore político as antigas elites de uma classe possidente, inculta, nova rica, burgessa, mais que empenhada na continuação do fascismo e da guerra. Hoje, resta-lhes o 25 de Novembro, porque o 25 de Abril sempre foi considerado uma excrescência, uma «balda» de soldados desobedientes das hierarquias, uma «tropa macaca» que, juntamente com um povo mal adestrado, tiveram a coragem de exigir talvez uma outra vida, desta vez digna, que valesse a pena ser vivida. O que o Conduttore conseguiu, ao lado de um militar intelectual da estirpe de um Jaime Neves, foi a conquista de uma «normalização» política, castigando-nos à sobre-exploração, e ao olvido de quase todos os direitos de um povo que teve a noção de dever erigir o «Grande Cagaço» nas ruas, nas fábricas, nos campos, nos locais de trabalho e nas escolas e que nunca mais vão esquecer, que perdurará sempre no tempo comum deles e no nosso.
Na «comemoração» dos 49 anos anos vai ouvir os discursos cheios de ódio e rancor à liberdade e à dignidade de um povo. Fica-lhe bem. esqueçam o 25 de Abril e, já agora, o 25 de Dezembro que isto de ter messias que apaguem o generalíssimo busto pode ser um arrepio para um ego de vaidade escondida, uma falsa humildade com que esta gente gosta de se vestir.
alc