quarta-feira, janeiro 22, 2025

«A Coisa mais Próxima da Vida», James Wood

 

Zigurate, 2024. Tradução de Joana Jacinto
Querem mesmo ler «A Coisa mais Próxima da Vida»? Diz o editor, desgraçadamente conhecido por todos nós e um verdadeiro cabotino, que James Wood é «...na actualidade o mais influente crítico literário de língua inglesa e porventura de todo o mundo.» Mundo esse que não conta ainda com a colonização de Marte, bem-entendido! Para isso, seria necessário a edição de «Na cabeça de Elon Musk» pago em bitcoins, coisa que Carlos Vaz Marques ainda não almejou, mas cuja colecção «Na Cabeça de...» conta com figuras proeminentes como André Ventura, Montenegro, Putin, Xi e Pedro Nuno Santos. Também analisou e editou um livro sobre a biblioteca de Estaline, em conjunto com obras, todas elas, que encheram o nosso imo, para além de livros de cozinha de ditadores. Voltando ao livro que falamos: ele não pára por aqui. Informa-nos igualmente na contracapa  que os trabalhos de James Wood, na New Yorker lhe valeram a alcunha de «elegante assassino» e de «estripador cortês.» Não faz o caso por menos. O problema é que abrimos o livro (sim, perdi uns euros nesta coisa!) e sai-nos um caldo de inutilidades várias, confissões pueris da sua vida e da de outros (nasceu com educação católica rígida e tornou-se ateu, que rebeldia extraordinária, ó estripador!), citações a esmo e uma chamada à colação da literatura do mundo, pós-colonial, que nem sim, nem não. E análise de prémios atribuídos, pois claro. Um longo bocejo para quem, desconfio, pretenderá criar um novo cânone literário num livro que não o deveria ter sido. Provavelmente, uma súmula de artigos da New Yorker, talvez com lugar no Expresso revista. Talvez editando «Na Cabeça de Balsemão» consiga que a saga continue. Fiquem com esta verdade insofismável de James Wood, o «elegante assassino»: «Graças ao estilo indirecto livre, vemos coisas através dos olhos e da linguagem do personagem, mas também através dos olhos e da linguagem do autor.» Lili Caneças tem um pensamento igual, mas para quem está morto.

alc