DN de 7/01 e Público de 8/01
Há apenas 5 posts relatei aqui, e isso nas redes sociais vale o que vale, a repressão policial completamente desproporcionada, junto com a população motorizada, armada de tacos de hóquei e outros objectos, a que são votados os jovens manifestantes que lutam contra a anemia criminosa das instituições governamentais face às alterações climáticas. Escrevi isto no dia 20 de Dezembro de 2023.
Ontem, dia 7 de Janeiro, no DN, Fernanda Câncio traça um descrição de 3 páginas de verdadeira selvajaria e terror com que os jovens foram tratados após a detenção nas esquadras policiais a saber: no Calvário, nos Olivais e em Moscavide. E isto após serem severamente agredidos enquanto as acções decorriam, quer pela polícia, quer por populares que não foram, como deveriam ser, identificados. Algemaram-nos entre 7 a 10 horas, despiram-nos parcialmente e a algumas raparigas chegaram a despir totalmente. Perguntaram-lhes se eram gays, lésbicas ou homossexuais, como se fosse importante para um eventual inquérito (!?). A queixa está no MAI de José Luís Carneiro que, entretanto, «repreendeu» a polícia que mandou despir totalmente uma das jovens. Ninguém repreendeu os polícias que colocaram luvas de latex como eventual ameaça na revista individual aos jovens masculinos, já depois de serem revistados por 3 a 4 vezes por cima da roupa. Hoje, dia 8 de Janeiro, o Público retoma a notícia do inquérito do MAI, da Inspecção-Geral da Administração Interna e Procuradoria-Geral da República por estas práticas policiais. Iremos ver o resultado. Já em Maio de 2021, 19 manifestantes também do sexo feminino foram obrigadas a despir-se. Os casos têm-se repetido, desde aí, sempre com a mesma acção de humilhação e violência por parte da polícia, nomeadamente a 24 de Novembro e a 14 de Dezembro de 2023.
Parte interessante destas notícias que só agora parecem preocupar os media: as manifestações são pacíficas, nada foi encontrado de artefactos violentos, mesmo que existam artigos de opinião de juízes e de comentadores que exigem (ainda) mais repressão e prisão efectiva para estes jovens, muitos deles organizados na Greve Climática Estudantil e na Climáximo.
Pormenor: esse mesmo juiz que teve a ousadia de propor à polícia uma guião para o «tratamento» a este jovens para prisões efectivas (apondo nos relatórios crimes que ultrapassariam os 5 anos!) é o mesmo que na semana que passou, escreveu, escandalizado, com o facto de 71% de portugueses ignorantes opinassem sobre a percepção que tinham que Costa era inocente na Operação Influencer! Isto, segundo esta douta opinião, de se ter percepções para além de ser tramado deveria ser proibido!