quarta-feira, maio 11, 2022

«Pedro Páramo», de Juan Rulfo

 

Em 1955 foi publicado este livro difícil de descrever e mesmo de classificar. As personagens são intemporais, os mortos falam com os vivos, a realidade por vezes sobrepõe-se ao sonho, outras vezes é este que se afirma perante uma realidade que ultrapassa a simples sociedade mexicana em ebulição política e social. A paz é quase desconhecida e as guerras e revoltas uma constante da uma vida pautada pela injustiça e pela religião que coincide, por vezes mal, com o paganismo indígena. Neste romance magnífico não se vive muito, vive-se para a morte e para o além seja ele qual for. Os mortos afinal vivem com tanta comoção e vingança como os vivos. O bem convive com o mal e há perdão ou arde-se no inferno que é a terra ou a posse dela. O combate pela dignidade e pelo poder, pelo domínio. 
Juan Rulfo nasceu em 1917 e faleceu em 1986. Afirmar. como disse atrás, que ele pertence a uma escola literária que denominamos de «realismo mágico» é muito pouco, embora García Márquez o tenha colocado nos nomes mais importantes da literatura mundial, tal como Carlos Fuentes, Álvaro Mutis, Max Aub ou Carlos Velo. 
Quero ler bem depressa, na mesma coleção da Cavalo de Ferro, «A Planície em Chamas». Este, «Pedro Páramo» foi publicado em 2004 e a 3ª edição em 2017. Os tradutores foram Rui Lagartinho e Sofia Castro Rodrigues.