sexta-feira, julho 09, 2021

«Relógio de Cuco», de Virgílio Martinho

 

Editorial Estampa, 1973. Capa de Soares Rocha

A Setúbal e o Barreiro de Virgílio Martinho entre lutas das dolorosas crises do crescimento juvenil, mais um país pobre, acabrunhado pelo regime salazarista que mandava tropas e gnr's para as ruas da cidade operária da CUF de Alfredo da Silva, hoje endeusado como empresário dos-que-já-não-há, miúdo à solta com pai ferroviário, fome, fugas e algum descanso lúdico a banhos na Praia dos Moinhos. 
O livro inicia-se com uma epígrafe de André Breton: «O espírito que mergulha no surrealismo revive com exaltação a melhor parte da sua infância.» e após verificação leitora parte-se desta premissa verdadeira para as rotas de um caminhar de tempo lento e espaço reduzido dos anos 40, anos de guerra(s), mundiais e internas.
São quatro os contos com fio condutor de uma única personagem: «Quatro Caminhos», «A Árvore», «A Praia» e «A Estátua».
Li-o em 76 ou 77 e não mais me separei dele, juntamente com «A Caça» de que falarei adiante.