No início dos anos 80, o sociólogo Michel Pialoux conheceu
Christian Corouge, operário e sindicalista nas fábricas Peugeot, em Sochaux
(França). Ao longo de largos anos, eles mantiveram um diálogo sobre os pequenos
nadas que preenchem o quotidiano do trabalho fabril, a entreajuda, galhofa e
convívio entre colegas de trabalho, as resistências e increpações perante as
tentativas de controlo patronal. A partir da história singular de um operário,
o que, por si só, vem pôr em causa as concepções que tendem a anular a
subjectividade dos próprios trabalhadores, são trazidos para o primeiro plano
todos os aspectos que fazem do trabalho o que ele realmente é, sejam as
vicissitudes que representa organizar uma manifestação sindical a exigir uma
melhoria das condições de trabalho, seja o suicídio de um colega que não pôde
mais suportar as humilhações da gerência, seja ainda o orgulho sentido em
preservar intransigentemente a dignidade pessoal contra todas e quaisquer
intrusões e pressões.