sábado, novembro 21, 2020

«Contos Arrepiantes da História de Portugal» de António F. Nabais e Rui Correia. Ilustrações de Hélio Falcão

 


Pode-se brincar com a História de Portugal? Pode e deve-se. São dois livros com um sentido de humor impecável e sem uma preocupação desmesurada pelo politicamente correcto. No entanto, há uma atitude pedagógica que não se pode ignorar e que pode levar os nossos jovens a iniciar-se na História ou na leitura. Os autores são António F. Nabais e Rui Correia que publicaram dois livros dentro da série «Contos Arrepiantes da História de Portugal»: a «Idade Média Medonha» com episódios da formação do Reino de Portugal e do seu quotidiano e «Descobrimentos Desgraçados». Dois volumes ilustrados por Hélio Falcão. Nos tempos em que vivemos relembrar a História deste modo é uma mais-valia, tanto quanto a língua portuguesa. Necessário que os mais novos conheçam estes livros e, desconfiamos, os que lhes seguirem.
É Rui Correia, professor de História, que numa entrevista ao DN em Agosto deste ano, diz 
«É bom que se perceba que nenhum de nós leva anedotas para dentro da sala de aula, não há aqui a ideia do infoentretenimento. A aula é uma coisa, o livro é outra, mas pretende-se nas duas formas que aluno e professor, leitor e autor, estejam juntos no mesmo sorriso e, assim, poder fazer que as mensagens sejam mais facilmente transmitidas. No ato de aprender, o humor é fundamental. Ninguém aprende sem estar bem-humorado, ninguém aprende de mau humor. Portanto, aprender com um sorriso nos lábios é mil vezes melhor do que aprender com um esgar de horror ou qualquer coisa do género. O humor é uma excelente calçadeira para podermos entender os momentos mais difíceis da história e isto funciona também como uma filosofia de vida. É como aquele momento em que alguém conta a anedota no funeral.» 
António F. Nabais:
«Com o decorrer do processo, encontraram histórias que ainda não conheciam ou que viram confirmadas?
António F. Nabais - Isto foi também um processo de aprendizagem para mim e é um prolongamento daquilo que a minha profissão me dá. Obviamente, aprendemos sempre muito durante uma licenciatura, mas eu nunca aprendi tanto desde que dou aulas. A simples necessidade de investigar aquilo que se vai ensinar obriga-nos a investigar e a encontrar coisas que não sabíamos. Um desafio destes é algo semelhante. Fiquei a saber coisas que também não sabia. Gosto especialmente da história da ribeirinha que tramou o seu próprio raptor.»
ALC
21 de Novembro de 2020