sábado, outubro 06, 2012

Sem o Teatro de Campo Alegre o Porto será mais pobre


Claro que nada ainda é definitivo, mas também é igualmente claro que quando os jornais avançam com a notícia os políticos já deliberaram, tratando-se de gerir as reações negativas, que entretanto possam existir, a seu proveito. É sempre assim e Rui Rio sabe o que faz. Foi lançada a notícia do fim da Fundação para a Ciência e Desenvolvimento, entidade que segurava o Teatro Campo Alegre e o Planetário nas suas ações quotidianas.
Podem-se contestar as fundações e o que estas significam para as despesas do Estado, mas os cortes foram cegos e os critérios inexistentes. Assim não. A proposta do governo foi salomónica: o Planetário será confiado à Universidade e o teatro à Câmara Municipal do Porto. Não acreditamos que a universidade, a contas com falências várias, o consiga e quanto à Câmara sabemos de antemão o seu «amor» pela cultura. Mesmo com as Quintas da Leitura sendo um êxito e acarinhadas pela população do Porto que enche por completo as suas salas, não vemos em Rui Rio um vislumbre de preocupação em mantê-las. Já os filmes da Medeia podem dizer-lhes adeus. Das quatro salas que existiam no Bom Sucesso, que nos apresentavam cinema independente e que as tinham bastante compostas por pessoas que diariamente lá iam, passou-se para uma sala desconfortável, pequena, com mau som e de imagens não digitalizadas. É evidente que as pessoas não se deslocavam lá. Sem argumentos, portanto, para que a Medeia continue a ser ajudada ou que possamos ver filmes de conteúdos diferentes dos que acontecem nas salas de coca-cola e pipocas. Ao menos, proteste-se também por causa disto. E acabe-se com a ironia quando agentes políticos da Câmara são questionados sobre este assunto. Por uma questão de dignidade, ao menos!