quarta-feira, dezembro 08, 2010

Livros que cabem num bolso...

 Nenhum Lugar, de Ricardo Romero e Magic Resort, de Florencia Abbate já chegaram.
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Excerto de  Nenhum Lugar, de Ricardo Romero
«Acordou ao ouvir o silêncio. Entreabriu os olhos, depois abriu-os completamente, mas a claridade continuava sem aparecer. Primeiro avistou as casas, e só ao vê-las soube que tinham parado. As casas estavam aí, feitas de uma quietude negra, do outro lado da rua, demasiado próximas. A ausência do barulho do motor provocava-lhe uma certa angústia, mais ainda que a que lhe podia provocar a ausência do taxista. Por instinto procurou a mochila. Estava aí, continuava pousava perto dos seus pés. Abriu-a e comprovou que não lhe faltava nada. Voltou a olhar para as casas e sentiu-se intimidado. Não se atrevia a sair do táxi. Ainda era de noite e isso não lhe agradava, não lhe podia agradar. Por alguma razão, a noite era ainda mais escura agora, embora a Mauricio não lhe parecesse que houvesse menos estrelas. Mas podia sequer ter a certeza de que era a mesma noite? Procurou a la e não a encontrou. Quis saber que horas eram, mas não conseguiu ver nada no seu relógio de pulso. Em toda a rua só um candeeiro estava aceso, a mais de dois quarteirões de distância.»
 Excerto de  Magic Resort, de Florencia Abbate


«Uma enfermeira jovem contou-me que tinha estado em coma. Olhou-me, boquiaberta, quando lhe disse que me sentia incrivelmente bem, sem nenhuma ressaca, forte, como nunca…
Os médicos não me deram nenhuma esperança. E os meus pais por pouco não desmaiaram porque entraram e me viram a procurar a mochila. O meu pai conseguiu que me dessem alta ao meio-dia. A minha mãe lacrimejou de alegria ao constatar que conseguia descer as escadas do hospital sem ajuda. Eu estava morto de fome e propus um restaurante. Levaram-me a almoçar a esse lugar e fizeram-me as vontades o tempo todo. Até chegarmos a casa mantivemos conversas graciosas e calorosas. Depois, a alegria provocada pela bela surpresa da minha ressurreição foi relegada para segundo plano. O que mais lhes importava era averiguar o motivo da minha tentativa de suicídio.»