terça-feira, março 23, 2010

Peter Lamborn Wilson, Utopias Piratas


Quanto à evidente má reputação dos corsários - as bebedeiras, as prostitutas, a pândega, os motins - é óbvio que nem o mais duro desses rufias se lhe podia entregar a tempo inteiro, do Outono à Primavera. Pouco a pouco, os europeus, e especialmente os renegados, adaptavam-se aos ritmos da vida mourisca - uma rotina quotidiana, trabalhando ou socializando em cafés, pontuada por casamentos e funerais, circuncisões, festivais, intervenções públicas de ordens sufis, e claro, as ocasionais querelas entre Salé e Rabat. Um renegado podia interessar-se pela religião caso sofresse de tédio - última das hipóteses, já que a cultura local estava profundamente impregnada de espiritualidade , e por isso provavelmente muito difícil de evitar.            

         (pg. 135) Peter Lamborn Wilson, in Utopias Piratas