segunda-feira, maio 20, 2013

Entrevista a Ricardo Gil Soeiro na publicação de Bartlebys Reunidos



Deriva: Dia 8 de junho encontrar-nos-emos em Lisboa?
RGS.: Sábado, dia 8 de Junho, pelas 16:30, haverá poesia na Livraria Pó dos Livros!
Deriva: Quem estará presente nessa apresentação?
RGS.: A ensaísta Maria João Cantinho apresentará o livro Bartlebys Reunidos e a poeta Gisela Ramos Rosa emprestará o fascínio da sua voz à leitura de alguns poemas escolhidos. Contaremos, ainda, com a presença do editor António Luís Catarino. O livro constitui o segundo volume de uma “Tetralogia de uma Poética Palimpséstica” que estou a escrever (um projecto constituído por quatro volumes que assentam nos mesmos moldes formais) e baseia-se na personagem criada por Herman Melville, no conto Bartleby, the scrivener (1853): o escrivão Bartleby que, a cada solicitação ou ordem, limita-se a retorquir: “Preferiria não o fazer.”
Deriva: Qual o objectivo dessa procura?
RGS.: Visa, fundamentalmente, interrogar poeticamente a pulsão negativa e a atracção pelo nada, tal como esta se desenha no labirinto da literatura do Não (tendo-me aqui inspirado no híbrido romance Bartleby & Compañia, de Enrique Vila-Matas). Na verdade, o tema da desistência literária, a que o subtítulo da obra alude (“Para uma Ética da Impotência”), sempre me fascinou. Mas trata-se de uma negatividade que, paradoxalmente, pode ser terreno fértil para a afirmação da criação, para o triunfo do gesto, enfim, para a plenitude da palavra. Estas questões serão o ponto de partida para uma tarde poética bem passada.

sábado, maio 18, 2013

José Ricardo Nunes publica Compositores do Período Barroco na Deriva.

Capa do novo livro de poesia de José Ricardo Nunes a sair em junho na Deriva. Compositores do Período Barroco é o título. A apresentação será nas Caldas da Rainha, no dia 15 e contará com a presença de Pedro Mexia. Daremos mais informações.

Ricardo Gil Soeiro publica Bartlebys Reunidos. A sair


É esta a capa de Bartlebys Reunidos, de Ricardo Gil Soeiro a publicar, em junho, pela Deriva. A apresentação será a 8 desse mês, em Lisboa, na Pó dos Livros e contará com a presença de Maria João Cantinho. Daremos mais novidades ao longo destes dias. Para já, a capa.

terça-feira, maio 14, 2013

Stevenson na Ler de maio. Recensão de José Guardado Moreira

É na Revista Ler, nº 124, que se encontra uma recensão crítica de José Guardado Moreira sobre Stevenson  e o seu já muito falado A Moralidade da Profissão das Letras que finalmente a Deriva, em parceria com o Instituto de Literatura Comparada Magarida Losa da FLUP, se encarregou de editar com uma belíssima tradução de Jorge Bastos da Silva.
Neste número consta igualmente uma entrevista a Ribeiro Telles, uma interessante conversa entre Rentes de Carvalho e Fernando Venâncio e também duas excelentes notícias no âmbito editorial: uma nova edição de Pipi das Meias Altas e a edição de uma biografia de Mesrine, esse grande gangster e amigo de Debord, pela mão da Antígona.

segunda-feira, maio 06, 2013

Que se lixe a troika!, de João Camargo nas mãos do Prof. Marcelo

Foi ontem, dia 5 de maio, que na sua prelecção dominical, o Professor Marcelo se referiu, na TVI, ao Que se lixe a troika!, de João Camargo. Repare-se no sorriso  aquiescente e quase jactante de quem acredita que, afinal, a troika nem está perto de se lixar. Provavelmente seremos nós. Na ideia dele, claro.

Henrique Fialho escreveu sobre A Moralidade da Profissão das Letras, de Stevenson



Dar ao público o que ele não quer, mas esperar ser sustentado: temos aí uma estranha pretensão, contudo não invulgar, sobretudo entre os pintores.
Robert Louis Stevenson

Quem se detenha no título deste ensaio, não deixará de se espantar. Primeiro por nele ser admitida uma profissão das letras, depois por pressupor-se nessa profissão uma moralidade. O ensaio data de 1881, os tempos eram outros, mas Robert Louis Stevenson (1850-1894) mantém-se actual. Ainda que o conceito de profissão das letras nos pareça vago, sobretudo num país como o nosso, ele faz sentido onde as letras podem ser tomadas com a seriedade de outros negócios. A urgência de uma moralidade na profissão, que já então suscitava debate, é outra história. Basta ler A Informação, de Martin Amis, para se compreender que também neste negócio, o das letras, a moralidade tem tectos falsos e fronteiras relativas. Mas essa é uma realidade que, apesar de tudo, está distante da nossa, pois por cá o amadorismo e a diletância, no pior e no melhor dos sentidos, vão como que garantindo um certo desprendimento que mantém o negócio em território paralelo. Perdem os autores, explorados até ao tutano das palavras, ganham, quando ganham, os editores, as distribuidoras, os retalhistas (que já nem se resumem a esse sôfrego espaço das livrarias, pois por todo o lado se vêem livros à venda como outrora se viram tremoços). O cenário é apenas similar ao experienciado por Stevenson, pese embora o facto de no que à porcaria diz respeito haver sempre pormenores que nunca mudam. E esses pormenores fazem a diferença. Disto não pode ser abstraída a natureza humana, retratada pelo autor, na sua essência, nessa magistral efabulação intitulada The Strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde. A bipolaridade da personagem tipifica o pensamento de Stevenson nos mais variados temas, não sendo excepção os três ensaios coligidos neste pequeno volume da colecção Pulsar (Deriva, Dezembro de 2012). No primeiro, que dá título ao volume, subentende-se o esforço colocado na defesa de uma literatura rigorosa que não se faça depender, exclusivamente, das ambições lucrativas. Entenda-se aqui o lucro em termos meramente materiais, pois outros há que ultrapassam a configuração salarial. Passam por valores igualmente viciantes como os do reconhecimento, da fama, da promoção académica, da afirmação pessoal, da pura vaidade. Isto torna actualíssimo o principal desejo do autor de An Inland Voyage: «Melhor fora que os nossos templos serenos estivessem vazios do que cheios de padres vendilhões e embusteiros» (p. 17). A expressão “templos serenos” é denotativa do lugar em que Stevenson colocava a sua actividade, olhando para a literatura de um modo que as práticas actuais não se esforçam para desmentir. Stevenson acreditava na função educativa das letras, encarava-o como uma missão, preocupando-se pois em estabelecer uma separação clara entre uma literatura preocupada em instruir e outra meramente ocupada em agradar. Não obstante, admitirá, com laivos de ironia: o fim de toda a arte é agradar e o primeiro dever de um indivíduo é ganhar o seu sustento (cf. p. 40). Note-se que a crítica do entretenimento não deixa de ser curiosa num autor cujos méritos, muitas vezes, não foram elevados a outros patamares. Talvez existisse nesta postura uma necessidade de afirmação, algo que o leva a concluir ser intelectual o primeiro dever de qualquer um que queira escrever. No entanto, essa necessidade é colocada de lado quando critica a parcialidade do jornalismo, reivindica a busca da verdade, preocupa-se em atribuir às letras uma utilidade que será sempre mal paga. E conclui: «Na literatura como na conduta, nunca podemos esperar proceder com correcção exacta. Tudo o que podemos fazer é procurar a máxima certeza; e para isso há apenas uma regra. Nada que possa ser feito devagar deve ser feito à pressa» (p. 28). É esta a ferida que um texto escrito há 130 anos melhor abre, pois exige-nos que pensemos a nossa relação com o tempo e como a mesma determina tudo o que fazemos, mesmo quando o fazemos contra o tempo, indiferentes à utilidade dos ofícios pagos ou à atribuição de um salário. Talvez o acto de escrever, que na Carta a um Jovem Cavalheiro que se Propõe Enveredar pela Carreira das Artes é separado das «profissões rotineiras» e colado à «vocação», se tenha transformado numa espécie de ritual com direito a fazer parte de uma comunidade restrita. O elogio, os encómios, a popularidade (sempre relativa), pagam a jorna. Evocada, ontem como hoje, a cegueira da «grande massa do público», pouco mais nos resta. Robert Louis Stevenson não teve que se queixar senão de uns desgraçados pulmões, o que lhe valeu repouso eterno nas ilhas do Pacífico. Do mal, o menos. Sem ceder à mediocridade, foi popular. Nele, o idealismo encontrou o realismo e este assentou no regaço daquele. Mesmo tendo em conta uns parcos 44 anos de vida, não foi extensa a sua produção. Velejar, afinal, era mais útil do que escrever.


Henrique Manuel Bento Fialho,

domingo, maio 05, 2013

Que se lixe a Troika!, de João Camargo: 5 086 000 000 000 euritos

«5 086 000 000 000 euritos
Assim foi. Antes deste anúncio, a Alemanha já tinha resgatado a Hypo Real Estate, assim como outros países tinham resgatado o Dexia e o Fortis. Continuaram os resgates e, apenas no período de 15 de setembro de 2008 a 1 de junho de 2009, os países da zona euro gastaram no seu conjunto 2028 biliões de euros com o resgate das ''instituições relevantes'' do sistema bancário e financeiro. É o equivalente a 21% do PIB da zona euro.
A 1 de outubro de 2012, o apoio aprovado na União Europeia a 27 para as instituições financeiras e bancárias chegou aos 5086 biliões de euros, equivalente a 40,3% do PIB da União Europeia. (...)»
Pág. 30

sexta-feira, maio 03, 2013

Stevenson: Da moralidade da profissão das letras

«Ora a Natureza, seguida fielmente, mostra ser uma mãe cuidadosa. Um rapaz, por gostar da música das palavras, resolve dedicar-se às Letras por toda a vida; a pouco e pouco, quando aprende maior gravidade, descobre que fez melhor escolha do que pensara; que, se ganha pouco, ganha-o amplamente; que, se recebe um salário pequeno, está em posição de prestar serviços consideráveis; que está em seu poder, em certa medida, proteger os oprimidos e defender a verdade. Está o mundo tão bem ordenado, tão grande proveito pode surgir de um pequeno grau de autoconfiança humana, e é tal, de modo particular, a boa estrela deste ofício da escrita, que deve combinar prazer e proveito para ambas as partes, e ser a um tempo agradável, como tocar rabeca, e útil, como uma boa prédica. (...)»
Pags. 18 e 19. Tradução de Jorge Bastos da Silva

Ao encontro de Max Frisch. Da introdução

«O escritor suíço Max Frish (1911-1991) é, sem dúvida, um dos ícones da literatura de expressão alemã dos anos 50. A sua obra, que no período coincidente com a ascensão do nazismo e com a 2ª Guerra Mundial se revela desligada de qualquer comprometimento político, concentra-se, a partir do final dos anos 40, na questão do papel que cabe ao ser humano, esmagado pela culpa e pelas pressões do poder. Terá sido Frish um dos primeiros escritores a levantar a questão da responsabilidade no desenrolar da guerra que deve ser atribuída à Suíça, tão ciosa da sua neutralidade.
Nas peças teatrais e na prosa ficcional e não-ficcional que publica a partir de 1950, Frish alia a velhos motivos literários, como a dificuldade de conciliar a vida artística com a vida burguesa, outros temas que se tornarão centrais no século XX: a busca da identidade própria, o relacionamento com o outro, os limites e condicionalismos da linguagem. A estas grandes questões juntam-se aquelas a que se foram impondo como próprias do pensamento frischiano: a necessidade de uma inquietação constante e da questionação de todas as certezas, bem como, principalmente, a importância de não criar imagens do outro nem aceitar como boas imagens que outros construam de nós próprios, e, ainda, o perigo do ser humano falhar a sua própria existência e de se alienar de si próprio. (...)»

Introdução, págs 7/8. Teresa Martins de Oliveira

Biographia Literaria de ColeridgeSobre esta edição

«Biographia Literaria é uma obra de importância maior no contexto do ensaísmo britânico oitocentista e fundamental no panorama do Romantismo europeu e norte-americano (o Transcendentalismo da Nova Inglaterra), mas nunca foi traduzida para a nossa língua, a despeito do facto de ser correntemente estudada em cursos universitários. O presente volume oferece ao leitor português um conjunto de excertos, seleccionados com o intuito de representar as várias dimensões componentes da obra: a narrativa autobiográfica, os apontamentos críticos sobre cultura literária, as considerações sobre matérias filosóficas - vertentes e incidências temáticas que, aliás, se entretecem nas sinuosidades do texto. Esta centena de páginas (correspondendo a perto de um quinto da extensão total da obra) visa um leitor primordialmente interessado em questões de história, de crítica e de teorização literárias, mas que não deve ignorar o facto de esses problemas, no pensamento de Coleridge, serem indissociáveis de reflexões de carácter filosófico e mesmo do sentimento religioso, uma vez que é uma esfera de transcendência que o autor vem a identificar a razão de ser da sua existência pessoal e da própria vocação da mente criadora e pensante. (...)»

Introdução, pág. 31. Jorge Bastos da Silva